sábado, outubro 24

A Finitude Humana

Talvez esta seja a maior desculpa para se tornar um relioso. Talvez por isso os criacionistas tenham defendido até hoje design inteligente. Eu, por falta de conhecimento científico, procuro não discutir isso, apesar acreditar que todos nós estamos aqui por um mero acaso. Do nada viemos e ao nada voltaremos.

Eu, como um bom ateu, não acredito em vida após a morte. Por isso eu procuro aproveitar meu dia.

Ultimamente venho pensando muito sobre a morte. E assumo: a morte me assusta. Simplesmente fechar meus olhos para sempre. Procuro imaginar como seria. Perder a minha existência. Me olho no espelho e noto que a cada dia esotu mais velho. Cada marca me aproximando do fim. Talvez eu morra velho, talvez eu morra amanhã. Talvez esqueçam de mim após semanas, talvez eu faça algo grandioso que fique marcado pela eternidade. Então me pergunto: e daí, se eu já vou estar morto? Se a minha existência foi perdida? A saída é viver a vida sem pleonasmo.

Que seja, pelo menos nunca fui hipócrita quanto ao fato de curtir a vida.

Agora imagina levar uma vida indo para a igreja toda semana e negar seu hedonismo por uma recompensa que supostamente virá depois que você morrer. Acho que este deveria ser o maior pecado mortal.

Hipócritas vão à missa ou ao culto rezar por uma salvação. Eu, ateu e hedonista, adoro fazer trabalho social e ajudar os próximos. Sempre que tenho um trocado dou para a senhora que pede quando volto a pé do colégio, respeito as pessoas a minha volta, faço trabalho voluntário quando posso. Se existe um deus, ou até mais de um, na minha opinião, acho que não iriam gostar que seus fiéis apenas rezassem e louvassem o seu nome, seria um deus egocêntrico que só gosta daqueles que os ama.

Lutero afirmou que a única maneira de salvação é através da fé. Já eu afirmo que, se há algum fenômeno sobrenatural, como o Apocalipse da bíblia, a que se deva ser salvo, será através de atos. Mas não de atos hipócritas de quem tenta agradar a algum deus, ajudar o próximo, pelo menos quando eu o faço, vem de uma conduta moral minha. "Você é bom porque agrada a Deus, ou você agrada a Deus porque é bom?", pergunta-se e minha resposta será: não há nenhum deus quem eu deva agradar, apenas a minha conduta moral que devo seguir.

Negar a vida em busca de uma recompensa.

Lembro-me que, certa vez, numa prova de filosofia, havia uma tirinha (Calvin e Haroldo, se não me engano) onde era indagado se, uma vez no Paraíso, podia-se fazer tudo o que foi negado em vida. Se o que foi proibido fazer aqui, quando entrarmos lá, tudo seria liberado.

A formação da Terra é o maior enigma de todos os tempos, não há comprovação certa de como ocorreu. Mas, se foi ocorrida por alguma força sobrenatural, mesmo se provado este fato, continuarei sendo ateu: se há algum deus, ele não interfere na vida humana, muito menos tem um lugar guardado para aqueles que acreditaram nele. Nós simplesmente vamos morrer, e este é o maior desafio de um humano: aceitar a morte sem disperdiçar a vida.

quinta-feira, outubro 22

Distribuição da bíblia pelo colégio...

Eu sou ateu (juuuura?), mas não me importo com certas coisas, não sou de ficar puto. Mas tem umas coisas realmente exageradas. Uma, por exemplo, é distribuir pequenos livros do Novo Testamento por toda a escola. Eu recebo e agradeço, mas isto vem a ser uma apologia ao Cristianismo. Por que não distribuem o Alcorão? Ou até mesmo o Antigo Testamento, com toda a sua apologia à escravidão e ao machismo? Bem, de ficar um pouco com a pulga atrás da orelha.

Provavelmente alguns cristãos não respeitam o Islamismo, o Budismo, nem outras religiões. Talvez até respeitam os que acreditam, mas ainda há os que iriam tentar converter. Aí sim eu acho uma falta de respeito.

Como disse em tópico anterior, eu disse que respeito e gosto de ser respeitado. Se algum cristão se sentir ofendido com meu blog, sinto muito, pois aqui não pretendo apontar religiosos, mas a religião. Minha família é católica, tenho amigos protestantes e não os ofenderia. Mas me sinto na obrigação de apontar quaisquer injustiças feitas em nome de crenças.

Mas é o tipo da coisa: e alguém distribui santinhos pela rua é uma boa pessoa, se distribui panfletos falando sobre a injustiça do Cristianismo é o cão.

Se alguns cristãos estão se sentindo ofendidos por causa deste humilde blog, depois eu digo como eu não me senti ofendido quando li alguns blogs com apologia ao Cristianismo.

quarta-feira, outubro 21

Hipocrisia Cristã

Eu estudo (quando digo "estudo", quero dizer que freqüento) em um colégio de cunho religioso, para ser mais exato é um lugar onde a maioria é protestante, chama-se Colégio Batista, uma boa escola aqui de Fortaleza onde fiz bons amigos. Na minha classe sou o único ateu, quando descobriram isso realmente fiquei com medo, pensei: "pronto, agora vão me queimar na fogueira!", afinal, eu deveria ser o primeiro ateu que eles viram com os próprios olhos, um animal raro que apenas se ouvia falar em livros de filosofia. Lembro-me como se fosse hoje a rodinha que fizeram, me cercando e me bombardeando de perguntas. Mas isso não vem ao caso.

Uma das primeiras hipocrisias que devo constar aqui é o respeito. Eu respeito as pessoas e gosto de ser respeitado. Não tenho nada a ver com a crença dos outros, por mais absurda que seja, mas também gostaria que alguns crentes não se importassem com a minha descrença. Minha fase de ficar procurando argumentar ao menor sinal de insinuação religiosa passou, hoje prefiro nem discutir para não fazer alarde.

Não fico por aí dizendo que sou ateu, mas se me perguntam em que acredito não vou mentir. Mas aí vem as aulas de teologia que me matam (de rir). Já me segurei várias vezes para não rir enquanto me contavam a história do apocalipse segundo a bíblia, numa inútil tentativa de me converter. Céus, eu não fico por aí falando sobre Darwin ou Nietzsche a qualquer estranho. E, se eu começar a falar e a indagar a religião alheia começam a me chamar de desrespeitoso, blasfemador e que não tenho direito de falar. Mas eu preciso ficar ouvindo sermões ridículos e acreditar que o chato só quer o meu bem e está pensando na minha salvação. Haja paciência!

Pior é quando estamos a discutir um assunto qualquer, sem ter muito a ver com religião e perdemos a razão por nossa descrença. Aí é que mata de raiva mesmo. Um exemplo é quando se discutia sobre o amor em sala de aula, perguntando se havia tipos diferentes de amor. Eu disse que não havia, que o sentimento era único, o que poderia mudar era a forma de expressar. Aí a religiosa falou que existe três tipos de amor: divino, carnal e familiar. Eu mantive a minha teoria de que o amor era único, então veio a pergunta: "você acredita em Deus?", "não", respondi, "então cale a boca". Quanta maturidade, hein?

Enfim, este é apenas o primeiro de muitos tópicos, espero que tenham gotado.

Abraços e que o nada vos abençoe!!!